Apreensão

Acaba o estoque de soro antirrábico no Estado

Existem apenas oito ampolas em diferentes cidades do Rio Grande do Sul, o suficiente para atender dois pacientes

A palavra é apreensão. Acabou o estoque de soro antirrábico no Centro Estadual de Armazenamento e Distribuição e no Centro de Referência de Imunológicos Especiais. No início da noite desta quarta-feira (14), a informação era de que havia apenas oito ampolas espalhadas em diferentes cidades do Rio Grande do Sul. Ainda que seja agrupado, o material é o suficiente para atender somente duas pessoas. O desabastecimento, que se alastra também pelo país, gera preocupação. A doença pode levar à morte quase 100% dos pacientes infectados. Sem prazo definido para o Estado receber nova remessa do Ministério da Saúde, o apelo é para a comunidade reforçar os cuidados com a prevenção - leia quadro.

Na Zona Sul está confirmado: não há nenhuma ampola à disposição. No Pronto-Socorro de Pelotas (PSP), que tem servido de referência para toda a região, terminou o estoque na terça-feira - confirmou a farmacêutica Aline Valente. Um morador de Turuçu, mordido por um morcego, ficou com as últimas três ampolas que estavam armazenadas na capital do Estado.

As características da região, com ampla área rural, fazem reforçar o sinal de alerta. "Hoje não teríamos o soro nem para casos gravíssimos", desabafa a responsável pelo setor de Imunizações da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (3ª CRS), Cláudia Berardi. "Estamos aguardando orientações do governo federal sobre o fluxo, de onde virá o soro ou para onde encaminharemos o paciente se chegar um caso."

Em nota informativa, em 8 de julho, o Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde já admitia: não há estoque disponível em âmbito federal. No mesmo documento, a União destaca - a estados e municípios - o cumprimento dos protocolos de prescrição, a ampla divulgação do uso racional dos soros, o rigoroso monitoramento dos estoques, além de enfatizar a necessidade de o material ser mantido de forma estratégica em áreas de maior risco de acidentes e mortes.

Para evitar desabastecimento, é importante manter a rede de assistência devidamente preparada para possíveis situações emergenciais de transferências de pacientes e/ou remanejamento desses imunobiológicos de forma oportuna. Ações educativas em relação ao risco de acidentes, primeiros socorros e medidas de controle individual e ambiental devem ser intensificadas pela gestão - enfatiza a Nota.

Agilidade no atendimento é fundamental
O soro antirrábico humano é imprescindível para casos mais graves, em que se precisa de resposta imunológica rápida. Em geral, são situações envolvendo mordidas de morcegos e de animais silvestres. Não está descartado, entretanto, o uso em função de lesões causadas por cães ou gatos e também por animais de produção, como cavalos, vacas e porcos. Dependerá do nível de gravidade. Somente após avaliações individuais as equipes decidem o protocolo mais adequado, que pode incluir apenas vacinas ou o uso combinado com o soro. "No soro, já existem anticorpos contra a raiva. Por isso, a resposta imune é mais rápida", explica a especialista em Saúde da Vigilância Epidemiológica da 3ª CRS, Ana Tavares.

A eficácia do tratamento diminui conforme o tempo avança. E os riscos estão diretamente ligados a fatores como a gravidade do ferimento, o animal agressor e a proximidade da lesão com o Sistema Nervoso Central. O ideal é o soro ser aplicado imediatamente,  e até a terceira dose da vacina. "Mas se a pessoa procurar atendimento tardiamente e houver indicação de soro, é feito mesmo assim", afirma Ana. Isso porque o período de incubação em humanos é longo. Pode levar anos.

O que diz o governo do Estado
Ao se manifestar, via assessoria de imprensa, a Secretaria Estadual de Saúde falou na dinâmica de distribuição às 19 Coordenadorias Regionais de Saúde do Rio Grande do Sul, mas não apresentou prazos para a situação ser resolvida. Em resposta sucinta, explicou que o soro antirrábico é adquirido e distribuído pelo Ministério da Saúde que, neste momento, elabora novo contrato com o Instituto Butantan. "Tão logo esteja assinado, a distribuição será reestabelecida para todo país" - informou a União ao governo gaúcho.

Saiba mais

O que é a raiva?
É uma doença infecciosa viral aguda, que atinge mamíferos, inclusive o homem, e caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. A doença é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente através de mordidas, mas também com arranhões e lambidas.

Em cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de dois a cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença (período em que pode ocorrer a transmissão). A morte do animal acontece, em média, entre cinco e sete dias após a apresentação dos sintomas.

Não se sabe ao certo qual o período de transmissão do vírus em animais silvestres. Sabe-se, entretanto, que os morcegos podem albergar o vírus por longo período, sem sintomas aparentes.

Quais são os sintomas?
Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos, que duram em média de dois a dez dias. Nesse período, o paciente apresenta:

- Mal-estar geral
- Pequeno aumento de temperatura
- Anorexia
- Dor de cabeça
- Náuseas
- Dor de garganta
- Entorpecimento
- Irritabilidade
- Sensação de angústia

(*) Fonte: Ministério da Saúde

Previna-se!
Qualquer mamífero infectado pode transmitir raiva. Então, alguns cuidados são fundamentais:

- Evite contato com animais silvestres
- Evite entrar em pátios onde existem cães que possam defender território
- Não tenha contato com morcegos
- Use Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) no manejo de animais silvestres e em outras situações de risco de determinadas profissões
- Cuidado ao apartar brigas de cães
- Em caso de ser atacado por cães ou gatos de rua, o cidadão deve comunicar a Vigilância Ambiental do município, para que possa observar o animal nos dias seguintes após a ocorrência e identificar se o animal está ou não sadio

 

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